Revista Seleções

Kenyon Scudder, famoso diretor de uma penitenciária, contava, freqüentemente, esta história de um milagre contemporâneo: Um amigo dele estava sentado num trem, ao lado de um rapaz visivelmente deprimido, que acabou se revelando ser um ex-presidiário voltando de uma penitenciária distante. Sua prisão havia envergonhado a família e esta não o visitara nem lhe escrevera com freqüência. Ele esperava, entretanto, que isso tivesse ocorrido, apenas, por serem os seus parentes muito pobres para viajar e muito incultos para escrever. Esperava, apesar do ocorrido, que eles o tivessem perdoado.

Entretanto, para facilitar-lhes as coisas, escrevera dizendo que pusessem um sinal na ocasião em que o trem passasse pela fazendola, nos arredores da cidade. Se a família o tivesse perdoado, deveriam por uma fita branca na macieira grande, perto da linha do trem. Se não o quisessem de volta, não deveriam fazer nada e ele permaneceria no trem, iria para longe, tornando-se, provavelmente, um andarilho.

Ao aproximar-se o trem da cidade em que vivia, a sua ansiedade era tão grande que não agüentou olhar pela janela. Seu companheiro trocou de lugar com ele, prometendo vigiar a macieira. Um minuto depois, colocou a mão no braço do jovem.

Lá está ela – sussurrou, os olhos brilhando de lágrimas incontidas. – Está tudo bem. A árvore está toda coberta de fitas brancas.

Naquele instante, dissipou-se toda a amargura que havia envenenado uma vida.