João Falcão Sobrinho

Botucatu, interior de São Paulo, muitos anos atrás. Um trem de passageiros estava parado na estação. A campainha já soara e todos se acomodavam em seus lugares. Era só passar o trem que descia do interior com os vagões carregados de pedra britada e seria dada a partida. Questão de um ou dois minutos. Duzentos metros acima da estação havia uma chave manual e o funcionário da estrada de ferro já se dirigia para lá. Era sua função virar a alavanca e acionar a chave para que o trem que descia no tronco principal fosse desviado para outra linha. De repente, ele ouviu a buzina estridente do trem de carga que descia serra abaixo sem freios, em alta velocidade. Num relance, ele percebeu o desespero do maquinista. Se o trem de brita não fosse desviado, pegaria de frente o trem de passageiros e muitas pessoas iriam morrer. O homem correu com todas as sua forças. Ele estava do lado oposto ao da chave. De um salto, pulou por sobre os trilhos e virou a alavanca no exato momento em que as rodas do trem de carga tocavam a agulha. O trem de carga foi desviado do tronco, entrou pelo pátio adentro e foi se espatifar um quilômetro à frente, com grande estrondo. Quando os vagões de brita acabaram de passar, o corpo do homem estava esmagado ao lado dos trilhos. Com o seu impulso para virar a chave, seu corpo ficou sob as rodas da máquina. Seu epitáfio poderia ser: “Deu sua vida para salvar muitas vidas”.

Monte Calvário, Jerusalém, muitos anos atrás. Um jovem de 33 anos de idade é pregado com grossos pregos numa cruz deitada no chão. Os soldados já traziam consigo os cravos de ferro, um martelo e uma pá para abrir o buraco no chão. Em seguida, a cruz é erguida pelos soldados romanos e sua base é colocada num buraco já cavado. Outras duas cruzes estão erguidas e nelas, dois condenados agonizavam. São nove horas da manhã da sexta-feira que a humanidade gostaria que jamais tivesse acontecido. Durante três horas, aquele corpo se contorce de cãibras e dores terríveis, aquela alma coberta de vergonha geme e clama, a sede sufoca a garganta, não há esperança de socorro. Muitos passam indiferentes. Alguns debocham. Mulheres choram e velam. É meio-dia quando ele dá um grande brado e morre. Por quê? Foi sua decisão, pela grandeza do seu amor, dar-se a si mesmo em sacrifício para desviar do trem da humanidade a justa ira de Deus. Ele morreu por todos para que todos possam prosseguir em sua viagem até a estação eternidade.

É por isso que a Bíblia nos diz: “Mas Deus nos mostrou o quanto nos ama: quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós”. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o presente de Deus é a vida eterna para quem está unido com Cristo Jesus, o nosso Senhor”. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”.

Texto Bíblico Utilizado: Romanos. 5:8; Romanos. 6:23; João. 3:16