João Falcão Sobrinho

Levantamos vôo de Fortaleza para Teresina no Cesna 206, com três passageiros. O avião era o DNT, no jargão dos pilotos, Papa Tango Delta Novembro Tango.

“Delta Novembro Tango chamando controle Fortaleza”

“Controle Fortaleza confirma. Prossiga”

O Delta Novembro Tango informou posição, altitude, destino, tampo de vôo previsto e recebeu ordem para tomar a radial 106. É incrível a precisão do controle de vôo. Cada radial é uma faixa por onde o avião avança orientado pelos instrumentos, como se fosse uma estrada no ar. O barulho dentro do aparelho exigia algum esforço para conversar e embora tivéssemos muitos assuntos, havia longas pausas. Um dos passageiros, ao lado do piloto, lia o seu livro. Ao meu lado, o outro havia soltado a parte superior do cinto de segurança e dormia como um anjo.

Dez minutos depois, talvez quinze, de havermos decolado, a torre chamou: “Controle Fortaleza chamando Delta Novembro Tango”.

O piloto estava atento. Acionou o botão do microfone:

“Delta Novembro Tango na escuta, câmbio”

“Controle Fortaleza para Tango (já havíamos ficado íntimos), tome a radial 86; na mesma radial em que você está subindo, está descendo um aparelho da VASP para Fortaleza”

“Delta Novembro Tango ciente. Obrigado, Controle Fortaleza.”

Imediatamente guinamos para a esquerda e tomamos a radial indicada. Um minuto depois, vimos, a uma distância segura, o Boeing da VASP descendo bem na altitude em que estávamos. Mais alguns minutos e recebemos ordem para regressar à radial inicial e “boa viagem”.

Ao descermos do avião em Teresina, comentando o fato, o outro passageiro disse:

“Hoje eu aprendi alguma coisa sobre a necessidade de estar sempre com o rádio ligado”.

Realmente, não corremos qualquer perigo porque o rádio estava ligado. Não criamos nenhum problema para o Controle de Vôo porque o rádio estava ligado. O Boeing da VASP não teve que se desviar do seu rumo porque o rádio estava ligado. Poderia haver um desastre. Graças à eficiencia do piloto o rádio estava sempre ligado.

Aprendamos a lição. Não nos descuidemos. Não sintonizemos nossa mente em ondas quaisquer, filosofias e idéias. Naquele justo momento, Deus pode precisar avisar-nos de algum perigo que venha em nossa direção. Muitos desastres espirituais ocorrem porque o rádio da alma não está ligado em Deus. É através da Bíblia que Deus nos fala. Quanto mais conhecermos a Bíblia, tanto mais sintonizados poderemos estar com Deus.