Clinton César

Alguns anos atrás, o Brasil inteiro assistiu às cenas de violência contra os passageiros de um ônibus que passava pela rua Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, no episódio conhecido como Sequestro do Ônibus 174. Perplexos, acompanhamos o trágico desfecho dessa história, que acabou com a morte de uma jovem de apenas 20 anos de idade. No final de tudo, a pergunta que todos procuram responder: “De quem é a culpa?” Será do policial mal preparado? Será do Estado? Será do Presidente? Será das drogas? Será de Deus? Ou será do diabo? Será? Já percebeu como todos temos a imediata preocupação de encontrar um culpado para as “tragédias” da vida?

O desejo de encontrar um culpado não é novidade… Há muito tempo atrás, quando Jesus e seus discípulos se aproximaram de um homem, cego de nascença, “seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (livro de João, capítulo 9 verso 2)

“De quem é a culpa?” Qual será a origem desta pergunta? O que ela significa? O que, na verdade, desejamos, quando procuramos um culpado? É verdade que, normalmente: Um culpado nos traz a sensação de justiça realizada; Um culpado sacia nossa fome de vingança, já que todos nós ansiamos um “olho por olho…”; Um culpado nos livra de uma culpa que também é nossa. Quando culpamos alguém, nos isentamos de qualquer responsabilidade, já que “a culpa não era nossa!”; Um culpado traz as coisas de volta à “normalidade”, levando-nos à ilusão de que todo o problema foi resolvido com a identificação da sua causa; Um culpado oferece uma resposta lógica para nossa mente insatisfeita. Quando encontramos um culpado, nosso desejo de saber o “por quê?” é saciado.

No entanto, gostaria de ponderar alguns fatos, que nos poderão ajudar a responder essa angustiante pergunta: de quem é a culpa?

1º Fato: A culpa é nossa!

A Bíblia diz que a morte é o resultado de uma escravidão da raça humana ao pecado. Diz que “por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram” (livro de Romanos, capítulo 5 verso 12). Através do pecado, toda a raça humana está totalmente corrompida e morta para Deus.

A maldade e a violência não são um problema exclusivo do Brasil, mas do mundo, de todos os homens. Logo no início da história do homem, ainda antes do dilúvio, o livro de Gênesis já relata: “viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo o desígnio do seu coração…” (capítulo 6 verso 5). A cada dia que passa, o homem se animaliza cada vez mais, se banaliza cada vez mais, se torna mais violento, mais auto-destrutivo. Não é à toa que o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre os homens, e a quarta, entre as mulheres, no mundo inteiro. Episódios como aquele que vimos esta semana não são raridade. Todos os dias, milhares de pessoas morrem em todo mundo, vítimas da violência. A diferença é que no caso do ônibus, vimos tudo pela televisão.

E aqueles casos que não vimos? O problema é maior do que o Rio de Janeiro, do que o Brasil. O problema é “humano”. Onde houver gente, haverá violência, haverá pecado, haverá morte. De quem é a culpa? A culpa é nossa, da história da nossa formação, da corrupção da nossa sociedade, do egoísmo das nossas famílias, da nossa vontade que não gosta de dividir, da nossa indiferença em relação à pobreza e à miséria. Enfim, de todos nós. Fechamos uma panela de pressão, acendemos o fogo, e reclamamos quando ela explode sobre de nós…

2º Fato: Deus, em momento algum, perde o controle sobre a sua criação

É difícil entender, mas a Bíblia diz que Deus, em momento algum, perde o controle da situação. Durante a semana, em vários depoimentos, ouvi declarações do tipo: “Do jeito que a coisa anda, só Deus sabe o que pode acontecer amanhã! Só Ele sabe se nós vamos voltar pra casa no final do dia! Nossa vida está somente nas mãos de Deus!”. Minha grande pergunta seria: Será que só agora a nossa vida está mãos de Deus? Será que Deus é sinônimo de “acaso”? Será que alguém pode tirar uma vida sem a permissão de Deus?

Certa vez Jesus disse: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um metro ao curso da sua vida?” (livro de Mateus, capítulo 6 verso 27). Deus é soberano e “nenhum dos seus planos pode ser frustrado” (livro de Jó, capítulo 42 verso 2). Jó nunca entendeu o “porquê” do seu sofrimento, mas aprendeu que a fé verdadeira confia, mesmo que não entenda. Talvez fosse melhor perguntar “para quê” ao invés de “por quê?”, e “o que?” ao invés de “quem?” Existem situações na vida que nunca vamos entender e onde nunca vamos encontrar um culpado. Nessas horas, é preciso aprender a descansar na soberania de Deus, que conduz todas as coisas para um fim proveitoso. “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (livro de Romanos, capítulo 8 verso 28).

3º Fato: A solução está em Deus

A solução, portanto, não está no homem, mas fora dele. Só Deus pode transformar as “tragédias” da vida em triunfos. O caminho não está na simples “perseguição” dos culpados. Há cerca de 2000 anos atrás, Jesus assumiu a culpa que era nossa. A Bíblia nos mostra que “O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (livro de Isaías, capítulo 53 verso 6). A paz da cidade não está no homem, mas em Deus.

Termino com o desafio do profeta Jeremias: “Procurai a paz da cidade… e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz” (capítulo 29 verso 7). A solução está em Deus. Cada um de nós precisa cumprir o seu papel e espalhar a paz. Você está disposto a aceitar o desafio de ser um embaixador da paz? Deus o abençoe.